Prêmio Parceiro Besouro 2025: Associação de Fibromialgia de Vitória da Conquista

O Prêmio Parceiro Besouro 2025 celebra as pessoas e organizações que caminharam ao lado do Grupo Besouro na missão de transformar realidades por meio da educação empreendedora. A premiação reconhece aqueles e aquelas que, com compromisso, colaboração e propósito, tornaram possível levar conhecimento, oportunidades e impacto social a diferentes regiões do Brasil.
Nesta série especial, contamos as histórias por trás desses nomes – parceiros que abriram portas, mobilizaram comunidades e ajudaram a fazer cada projeto acontecer. São trajetórias que revelam o verdadeiro sentido da parceria: unir forças para gerar transformação concreta na vida de milhares de pessoas.
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Nome do parceiro: Associação de Fibromialgia de Vitória da Conquista
Premiado na categoria: Diversidade do público
Estado: Bahia
A Associação de Fibromialgia de Vitória da Conquista nasceu em 2019, quando um grupo de mulheres passou a trocar experiências e informações em busca de apoio mútuo para enfrentar a síndrome, caracterizada por dor musculoesquelética difusa, fadiga, insônia, distúrbios funcionais variados e sintomas psiquiátricos. Na maior parte dos casos, esse conjunto de sintomas provoca grande impacto nas relações pessoais e pode levar ao afastamento do trabalho.
A dificuldade em identificar a origem da dor faz com que muitos médicos considerem a condição como algo benigno, sobretudo quando se manifesta em mulheres. Sem um diagnóstico preciso, o problema é frequentemente subestimado, e os pacientes acabam estigmatizados e incompreendidos – muitas vezes duvidando da própria sanidade e da legitimidade de seus sintomas.
Em 2021, a iniciativa foi formalizada e, desde então, a entidade reúne cerca de 30 associados, prestando apoio a aproximadamente 300 pessoas que convivem com a doença em Vitória da Conquista e região. A maior parte dos participantes são mulheres, que culturalmente tendem a se expor mais na partilha de dificuldades e na busca por acolhimento.
Segundo a presidente da Fibroconquista, Maria Aparecida (Cida) Santos, a doença é frequentemente desconsiderada por não apresentar uma causa física clara e visível. Por essa razão, além de lidar com um quadro doloroso e muitas vezes incapacitante, as pessoas com fibromialgia enfrentam preconceito e dificuldades financeiras para custear tratamentos multidisciplinares essenciais para reduzir os múltiplos sintomas. Como afirma a líder: “A fibromialgia não aparece em exames e tem diagnóstico difícil. São vários problemas de saúde que pioram muito com o esforço físico. Muitas pessoas estão acamadas, porque não aguentam trabalhar, então até manter as medicações é muito difícil. Enfrentamos muito preconceito e não temos apoio financeiro”.
A instituição conta com o trabalho voluntário de uma equipe médica multidisciplinar e firmou parcerias com clínicas, academias, advogados e fisioterapeutas que oferecem atendimentos com valores reduzidos. A associação também organiza a troca e o reaproveitamento de medicamentos, algo fundamental diante da necessidade frequente de substituições ao longo do difícil processo de diagnóstico e adaptação aos tratamentos.
A parceria com o Programa Vida Melhor Urbano, do Governo do Estado da Bahia, ampliou ainda mais esse alcance, rendendo à entidade reconhecimento na categoria Diversidade de Público do Prêmio Parceiro Besouro 2025. A iniciativa destacou como o empreendedorismo pode promover inclusão, acolher trajetórias marcadas pelo estigma e ampliar o impacto social entre pessoas em situação de vulnerabilidade.
Segundo a presidente, o empreendedorismo tem sido uma alternativa fundamental para pessoas com fibromialgia, que muitas vezes não conseguem manter empregos formais devido às limitações impostas pela doença. Nesse contexto, a capacitação oferecida pelo Grupo Besouro impulsionou quem já tentava gerar renda por conta própria para custear o sustento e os tratamentos. Como explica a dirigente: “A maioria das pessoas que participaram da capacitação já fazia alguma por conta própria, como venda de alimentos ou produtos de beleza para se virar. E o curso foi ótimo, ajudou muito, porque trouxe conhecimento e esclarecimento para aprendermos a trabalhar melhor com o que temos”. Ela mesma destaca que reorganizou suas iniciativas empreendedoras a partir do aprendizado adquirido.
Para Maria Aparecida, além dos saberes técnicos, a formação também tem impacto direto na saúde mental de quem convive com a doença. “O contato com outras pessoas durante os cursos ajuda muito, pois ficar dentro de casa agrava ainda mais a parte psicológica. Quanto mais ocupada a mente, melhor”, avalia.
A colaboração entre o Grupo Besouro e a Fibroconquista também ampliou a oferta de serviços voltados aos associados, possibilitando, por exemplo, uma nova parceria com uma academia que passou a atender às demandas de mobilidade e atividade física do grupo. “Graças ao curso, conhecemos a pessoa que hoje está ajudando todo mundo da associação. O network foi muito importante”, comemora a dirigente.
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