Empreendedorismo feminino ganha força com novo projeto em Rio Grande

27 de agosto de 2025 - 0 min pra ler

Alunas da turma piloto: mulheres em busca de seus sonhos

 

A Agência Besouro de Fomento Social chegou a Rio Grande para impulsionar o empreendedorismo na mais antiga cidade gaúcha. “É a nossa primeira atuação no município, e a expectativa é realmente muito alta. Não só em relação à formação das alunas, mas também para o conhecimento do território. Trata-se de uma cidade histórica e de grande importância econômica para o nosso estado”, afirma Rafael Madeira, coordenador de projetos da Agência Besouro, à frente das ações do Rio Grande Empreendedora. A iniciativa foi viabilizada por meio da parceria com a Portos RS - empresa pública responsável por organizar, gerenciar e fiscalizar todo o sistema hidroportuário do estado – e com o Sicredi Interestados RS/ES, cooperativa composta por mais de 100 mil associados.

O público-alvo do projeto é o feminino, com o intento de reforçar as oportunidades para as mulheres no mundo do trabalho. A seleção das 35 alunas da turma piloto priorizou mães e mães solos, moradoras da Vila Mangueira, comunidade em que foram ministradas as aulas, entre os dias 11 e 15 de agosto, na Escola Municipal Ramiz Galvão.

Uma das beneficiadas foi Fabiane Padilha Nunes, 49 anos. Casada, mãe de três filhos, hoje ela também responde pelos cuidados de saúde de uma irmã que vive em sua casa. Dona de casa ao longo da vida, a rio-grandina sempre foi uma empreendedora por vocação. Há décadas Fabiane “corre atrás” para aprender mais sobre atividades que lhe dão tanto oportunidades de renda quanto prazer. Ela afirma ter uma pasta repleta de certificados de cursos que realizou, e que hoje também os tutoriais na internet são uma fonte de aprendizado. A partir dessa busca constante ela já atuou como manicure e pedicure, domina várias técnicas de artesanato e tem talento de sobra para elaborar doces, aptidão que desenvolveu primeiramente ao observar o trabalho da mãe. É a essa última atividade que a empreendedora pretende dedicar-se com mais ênfase, e, por isso, durante os encontros presenciais do Rio Grande Empreendedora, elaborou um plano de negócios dedicado à área.

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Fabiane Padilha Nunes, aluna da turma piloto do projeto

Da ideia ao negócio

No curso, as alunas tiveram acesso a conhecimentos teóricos e práticos sobre temas como finanças, marketing e recursos humanos, indispensáveis à boa gestão dos negócios. Ao aplicá-los, cada aluna construiu um planejamento para empreender (ou qualificar as atividades já existentes) com qualidade e sem a necessidade de grandes investimentos iniciais. “Um dos assuntos tratados que achei muito importante foi o relacionado à gestão do dinheiro, ou seja, sobre como fazer os cálculos para conhecer as despesas e o lucro, e a importância de separar as contas pessoal e da empresa”, descreve ela. Fabiane conta, por exemplo, ter navegado na atual onda do “morango do amor”, e que vendeu muitos doces do tipo. Porém, como não tinha os conhecimentos necessários para administrar bem as finanças, não sabe exatamente o quanto faturou com a iguaria. Aprendendo a respeito no curso, ela definiu a experiência no Rio Grande Empreendedora como “incrível”, inclusive pelo fato de a iniciativa ter formado uma turma apenas de mulheres – o que, segundo ela, facilitou a integração em razão de afinidades existentes entre as participantes.

Com auxílio dos aprendizados em sala de aula, Fabiane definiu o nome para o seu negócio: “Hoje pode”. Durante a entrevista para essa matéria, exibiu a logomarca do empreendimento, criado por designers da Besouro a partir de orientações dadas por ela. Agora, a empreendedora prepara-se para aproveitar a consultoria individualizada, ao longo com 90 dias, prestada gratuitamente por especialistas de negócios, também prevista na By Necessity. Ademais, participará de 12 semanas consecutivas de mentorias coletivas conduzidas por profissionais de diversas áreas do empreendedorismo. Dessa maneira, ela e suas colegas no Rio Grande Empreendedora receberão orientações relacionadas a boas práticas a serem adotadas para conquistarem e fidelizarem clientes e incrementarem vendas e renda. Quiçá essas atividades sejam o empurrão que falta para que Fabiane concretize a ambição de também ser uma fornecedora de marmitas na cidade. “Nos grupos de Whats aqui da comunidade sempre tem gente perguntando por esse produto. Então, acho que pode dar certo”, avalia.

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Doces produzidos por Fabiane

Novos negócios, novas oportunidades

Fabiane destaca a importância de uma iniciativa como o Rio Grande Empreendedora diante da dificuldade que muitas pessoas encontram para ingressar no mercado de trabalho formal. Em sua percepção, desde a pandemia de Covid-19, o município convive com o fechamento de muitas empresas. Dessa forma, a abertura de novos negócios emerge como alternativa importante para viabilizar o bem-estar de sua família, em particular, e das comunidades em geral.

Uma boa notícia é a de que, segundo o coordenador Rafael, é provável que novas turmas do Rio Grande Empreendedora sejam formadas. “Ainda não temos previsão sobre quando isso ocorrerá, mas já está no planejamento a expansão do projeto em outra área da cidade. Nossa ideia é atingir os quatro cantos do município para, após essa consolidação, chegarmos a outras cidades”, finaliza. 
 


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