Construindo o futuro: o papel transformador do empreendedorismo feminino

Todos os dias, a Agência Besouro desenvolve projetos de educação empreendedora e educação para o futuro do trabalho que buscam transformar positivamente a vida de pessoas em vulnerabilidade social. Das mais de 172 mil pessoas capacitadas em nossa trajetória, uma grande parcela é composta por mulheres, que encontram nos cursos uma forma de aprender novas habilidades, empoderar-se, gerar renda e conquistar autonomia financeira.

Não à toa a Besouro conta com iniciativas exclusivas para o público feminino. Projetos como o Empreendedora do Amanhã, em parceria com o RioSolidario, e as turmas especiais do Gerdau Transforma, desenvolvido em conjunto com o Instituto Gerdau, são exemplos de ações voltadas exclusivamente para elas.

“Nossas alunas manifestam o quanto sua autoestima melhora após o contato com saberes que ampliam seus horizontes e possibilidades. As lições aprendidas e as práticas adotadas a partir delas favorecem que mães, impedidas de trabalhar fora de casa pela necessidade de zelar por seus filhos, encontrem ou amadureçam ideias para manter atividades remuneradas sem deixar de lado a atenção às crianças”, comenta Vinicius Mendes Lima, CEO da Agência Besouro.

Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, contamos a história de duas alunas que transformaram suas vidas a partir do conhecimento e do empreendedorismo, e hoje inspiram outras mulheres a perseguirem seus sonhos e acreditarem no seu potencial.

Marta Rosa

Marta Rosa, de 58 anos, natural de Conselheiro Pena, município do leste de Minas Gerais, foi uma das alunas da turma “Mulheres que inspiram”, do Gerdau Transforma, em 2023. Depois de trabalhar décadas na área de educação como professora, supervisora, e vice-diretora de escola, Marta se aposentou e quer empreender na área de consultoria de projetos educacionais e socioculturais.

Ela conta que as pessoas sempre a consultavam sobre ideias e planos profissionais. Agora, com tempo livre, pensava somente em ajudar, não tinha noção de que poderia desenvolver esse trabalho de uma forma empresarial.

“Sinto que posso compartilhar o conhecimento adquirido e contribuir para a transformação da vida das pessoas e da comunidade onde estão inseridas, também gerar empregos e ser remunerada”, salienta a pedagoga.

Com o curso, aprendeu muito, sentiu-se mais segura e amadureceu a ideia do projeto para torná-lo uma realidade empresarial. E agora, depois da orientação recebida, está em fase de organização e preparação do empreendimento, enquanto desenvolve trabalho voluntário de elaboração de projetos para captação de recursos em instituições sem fins lucrativos e órgãos públicos municipais.

Para Marta, o maior desafio é empreender enquanto mulher seguindo o seu caminho, sem intervenção do marido ou dos filhos. “Muitas vezes a gente se envolve nas demandas e projetos deles, e acaba deixando os nossos de lado”.

Deise Cristina

Deise Christiane Santos da Silva tem 50 anos, é técnica de enfermagem e sempre vendeu lanches no trabalho para ajudar a compor a renda familiar. Durante a pandemia, quando foi afastada da atividade profissional por pertencer ao grupo de risco em função da diabetes, passou a empreender de outra forma. Ela e o marido, Alexandre, começaram a preparar café e sanduíches para vender às pessoas que ficavam nas filas da agência do INSS, localizada em frente a sua casa, na capital gaúcha.

Com o fim da pandemia e o retorno ao trabalho no hospital, ficou inviável manter a iniciativa. Voltou a levar lanches para o trabalho e buscou uma oportunidade para empreender com maiores ganhos à noite. 

Assim surgiu o “Cantinho do Alex”, um box montado na quadra de uma escola de samba de Porto Alegre em que Deise serve frango frito, hambúrgueres, açaí, massa à bolonhesa e batata frita aos frequentadores dos ensaios e convidados de festas particulares realizadas no local. No hospital, Deise atende um público com perfil diferente, oferecendo lanches de uma linha mais saudável, como frutas e saladas no pote.

Ela conta que a rotina é corrida para conciliar os plantões na enfermagem, o preparo dos alimentos e o atendimento no quiosque que, muitas vezes, prossegue até a madrugada. Para as vendas na escola de samba, conta com a ajuda da sobrinha e às vezes do esposo, que é músico e nem sempre está disponível.

A empreendedora chegou à capacitação do projeto Porto+Criativa em outubro de 2023, buscando esclarecer suas dúvidas sobre a possibilidade de cadastrar-se como Microempreendedora Individual (MEI) e ter o próprio CNPJ. 

“Adorei o curso. Recebi várias dicas para gerenciar melhor meu negócio. O que mais gostei foi a forma como os temas foram trazidos de maneira prática e simples”, avalia Deise.

Como resultado, Deise alcançou aumento de cerca de 100% no faturamento semanal e pôde investir no negócio. Além disso, conseguiu guardar “um dinheirinho” para viajar ao Rio de Janeiro. 

Sobre o futuro, pretende continuar oferecendo seus produtos no hospital e na quadra da escola de samba, mas está buscando também vender em festas e eventos fora de lá. “Amo esse trabalho. Nasci para isso”, diz a empreendedora, que revela que o seu sonho é, um dia, ter um bufê, uma empresa maior, e prestar serviços para eventos.