Aluno da Agência Besouro reconstrói seu negócio em Porto Alegre após enchentes

Esposa de Márcio junto as marmitas feitas pelo casal

Márcio Marques, 40 anos, começou seu negócio em 2019, fazendo marmitas em casa com a esposa. Em pouco tempo, abriu uma lancheria que, hoje, é um pequeno restaurante localizado no bairro Humaitá, na zona Norte de Porto Alegre, o Mas bah!

Em maio de 2024, o bairro foi fortemente atingido pelas enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul. A água destruiu os estoques de alimentos e avariou eletrodomésticos, mobília e os dois carros utilizados pelo empreendedor para atender ao restaurante e à família. Além da perda no negócio, Márcio e a família também tiveram que sair da casa em que moravam por cerca de um mês.

Depois que a água baixou, o empreendedor trabalhou duro para recuperar o negócio. “Ficamos três meses com o restaurante fechado. Foi muito trabalho para limpar e consertar tudo. Muita coisa, como os freezers, louças, talheres, tivemos que comprar de novo”, relata.

O empreendedor mobilizou todos os recursos e ajuda disponíveis para colocar o negócio em pé novamente, mas até hoje segue quitando os investimentos feitos para a retomada do restaurante. Além da coragem e determinação, Márcio conta que, felizmente, não lhe faltou acolhimento e apoio de amigos, conhecidos e até mesmo de parceiros comerciais. 

Capacitação como chave para a retomada

Um dos diferenciais para a recuperação do negócio foi a capacitação oferecida pelo projeto Avança Humaitá. Segundo ele, o apoio recebido durante o período do curso e os conhecimentos adquiridos foram essenciais. “Não sei o que teria sido de mim sem o curso. Não é fácil você olhar tudo o que investiu, toda a dedicação e o cuidado, indo por água abaixo. Provavelmente não teria tido condições de começar tudo de novo”, avalia o empreendedor.

A partir dos aprendizados sobre gestão financeira, Márcio relata que passou a conseguir administrar melhor o negócio, organizar-se financeiramente e a economizar recursos. “O curso me ajudou muito, muito mesmo. Abriu meus olhos. Aprendi a dar mais valor ao dinheiro. Antes, comprava muita coisa e nunca sobrava. Com a orientação, passei a retirar meu salário mensal, organizei as contas e consegui fazer um cartão de crédito. Se não fosse isso, com certeza não teria dado conta na enchente. Teria desistido e fechado as portas”, destaca Márcio.

Hoje, com o restaurante aberto novamente, Márcio enfrenta novos desafios. Muitos moradores do bairro até agora não voltaram para casa, o que dificulta encontrar mão de obra local e também afeta o faturamento – alguns clientes fixos, principalmente moradores idosos que faziam pagamento mensal e representavam uma receita fixa, mudaram-se para outras regiões da cidade após as enchentes.

Para recuperar o movimento de cliente, o empreendedor segue buscando e implementando melhorias. Confiante, ele criou uma nova estratégia para ampliar as vendas em 2025. Seu projeto é expandir o negócio firmando parcerias com empresas da região e passar a oferecer um serviço de buffet para os funcionários.

Mesmo com os desafios, Márcio está grato por conseguir reconstruir seu negócio: “Muita gente fechou as portas. Eu, mesmo com as dificuldades, consegui honrar o pagamento dos meus funcionários enquanto ficamos parados, colocar minha família em um local seguro e recomeçar”.