Empreendedorismo ajuda Flávia a superar desafio do câncer de mama e dar início a novo projeto de vida

Flávia Rocha tem 48 anos, é natural de Santana do Livramento, no interior do Rio Grande do Sul, e gosta de artesanato desde a adolescência, quando a mãe costurava panos de prato que ela pintava e vendia para comprar o seu material escolar. Adulta, passou a trabalhar como funcionária pública, manteve o artesanato como hobby e fez várias tentativas de buscar renda extra, mas não ia adiante. 

Em abril de 2021, recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Flávia conta que o tratamento acabou trazendo duas oportunidades inesperadas: uma mudança para Porto Alegre, desejo antigo, e uma reflexão profunda sobre seu propósito de vida. “Foi bem aquele jargão, do limão fiz uma limonada e estou feliz aqui”, ressalta.

Com o apoio do companheiro e dos filhos, que se mudaram para a capital para acompanhá-la, Flávia decidiu investir naquilo que mais gosta, o artesanato. “A gente começa a refletir, valorizar a vida. Decidi fazer as coisas que gosto”.

Entre uma cirurgia e outra, a empreendedora pesquisou tendências para fazer algo que pudesse impactar positivamente o meio ambiente. Apaixonou-se pela reciclagem de jeans e pelo nicho de acessórios femininos. Depois da mastectomia, em abril deste ano, desenvolveu uma coleção de bolsas artesanais com reuso de calças descartadas por brechós.

Pouco antes da cirurgia de reconstrução da mama, a terceira das quatro que já realizou, Flávia chegou ao curso de empreendedorismo do Empreende POA, promovido pela Prefeitura de Porto Alegre em parceria com a Agência Besouro.

A artesã diz que procurou a capacitação para se profissionalizar e ter um lucro real, porque as tentativas anteriores de empreender não tiveram sucesso. Com a formação, percebeu onde errava e acredita que agora está mais segura. “Estou orgulhosa por manter sempre a fé e a esperança e por ter aproveitado a oportunidade de aprender a empreender. Me sinto mais segura com o planejamento de custos, com os pés no chão, com coragem e disposição para profissionalizar o meu negócio”, afirma.

O curso também fortaleceu a ideia da sustentabilidade e apontou caminhos para o negócio. Foi depois da capacitação que Flávia estabeleceu as parcerias com brechós para o fornecimento de matéria-prima para as bolsas e para a venda dos produtos, em sistema de consignação.

Recentemente, Flávia passou por rejeição da prótese mamária, precisou fazer uma nova cirurgia e está em acompanhamento com fisioterapeuta para recuperar o movimento do braço esquerdo, que foi afetado. O revés vinha atrasando a produção das peças, mas não impediu a empreendedora de continuar apostando e trabalhando no empreendimento. Com a limitação, resolveu terceirizar a costura das bolsas. 

“O tratamento está demorando mais do que esperava, mas vou me adaptando e fazendo tudo o que está ao meu alcance em cada fase”, compartilha.

Sobre o papel do empreendedorismo nesse momento desafiador, Flávia destaca que seu negócio tem sido um dos seus motivadores: “É um dos porquês que mantém a minha esperança na cura para crescer e contribuir com o meio ambiente, com outras pessoas, para compartilhar vida, beleza, fé, motivando a todos e todas a manterem seus sonhos e também a realizá-los, independente das condições adversas que se apresentem em nossas vidas. Afinal, o que parecia ruim, gerou minha reconstrução”.

O início das vendas já está marcado para o final de novembro. E para quem quiser conhecer Flávia e sua produção, é só acompanhar o Instagram @areconstruidaloja. Os produtos podem ser adquiridos pela internet, feiras e em brechós de Porto Alegre.

Além do exemplo de otimismo, superação e resiliência, Flávia deixa uma mensagem para as mulheres: “Permita-se algumas paradas, conheça a si mesma, você é valiosa, nunca pare de sonhar e busque sempre estar perto das pessoas que te amam e acreditam em você. O amor também cura”.

Outubro Rosa: lembrança do autocuidado

O mês de outubro marca a campanha mundial para combate ao Câncer de Mama. O período reforça a importância da conscientização sobre o diagnóstico precoce e rastreamento da doença. Apesar de o mês chegar ao fim, vale lembrar que os cuidados devem ser frequentes.

O câncer de mama é o que mais acomete mulheres em todo o mundo e o que mais causa mortes de mulheres no Brasil. A estimativa é que só em 2023 sejam registrados mais de 73 mil casos novos da doença no país.

Apesar de o câncer de mama atingir principalmente as mulheres, os homens também podem desenvolvê-lo. Por isso, é muito importante que todos estejam atentos aos sintomas e busquem atendimento médico regularmente. Quanto mais cedo o problema for detectado, maiores as chances de sucesso do tratamento.

Acesse o site do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e conheça os principais sinais e sintomas suspeitos, as recomendações do Ministério da Saúde e a cartilha com todas as informações sobre o assunto.