Dia do empreendedor: abrir negócios é sonho de 6 em cada 10 brasileiros

5 de outubro de 2023 - 0 min pra ler

O 5 de outubro é dia de homenagear com ainda mais ênfase os 93 milhões de brasileiros que, de alguma forma, relacionam-se com o empreendedorismo no país. Esse contingente é composto, segundo a estimativa da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2022, por dois grandes grupos de pessoas com idades entre 18 e 64 anos: o primeiro é integrado por 42 milhões de empreendedores, ou seja, por quem já tem um negócio, formal ou informal, e/ou que fez alguma ação ao longo do ano visando abrir um; o segundo grupo é o de 51 milhões de aspirantes, pessoas que ainda não começaram seu movimento em direção a uma atividade própria, mas querem fazer isso em até três anos.

Na Besouro, a gente acredita no empreendedorismo como instrumento para enfrentar necessidades e realizar sonhos. Não é à toa que nossa principal atividade é a de levar conhecimentos para quem quer abrir ou qualificar o seu próprio negócio. Felizmente, a cada dia chegamos a mais lugares do país e do exterior”, destaca o presidente da Besouro Social, Vinicius Mendes Lima.

Sonho

O GEM apurou, ainda, que entre os sonhos dos brasileiros, o de empreender está em segundo lugar – perde apenas para o de viajar. Seis em cada 10 pessoas entrevistadas declararam o desejo de abrir um negócio próprio.

Certamente, isso não é uma casualidade. Ainda que o termo empreendedorismo possa ser definido de formas variadas, ele é cada vez mais reconhecido como instrumento capaz de possibilitar que pessoas com os mais variados perfis e objetivos aproveitem oportunidades ou supram necessidades existentes.

Afinal, novos negócios e novas formas de agir e fazer são capazes de criar riqueza, bem-estar e empregos, e, assim, contribuírem para a redução das desigualdades entre indivíduos, regiões e nações.

“Empreendedores cumprem um papel superimportante para a sociedade e para o planeta porque eles, entre outras coisas, perseguem e colocam em prática novas e melhores soluções, movimentam as micro e macro economias, estimulam investimentos, abrem vagas de emprego e capacitam pessoas para elas”, avalia Vinicius.

Pluralidade

Um aspecto importante do empreendedorismo reside na sua condição abarcadora, ou seja, no fato de ser um recurso ou possibilidade útil a qualquer pessoa. Isso de alguma forma está traduzido no fato de que, segundo o Ministério da Economia93,8% dos 21,9 milhões de negócios ativos no Brasil são microempresas ou empresas de pequeno porte (12,8 milhões são Microempreendedores Individuais).

Estima-se que eles respondem por aproximadamente 30% do Produto Interno Brasileiro, por mais de 50% da mão de obra formal empregada e por pelo menos 40% da massa salarial do país.

“Outra das virtudes do empreendedorismo é o fato de que essa forma de agir e estar permite atuar em diferentes áreas e segmentos, trabalhar com aquilo que tem a ver com o contexto e a cultura de cada território e cidadão”, detalha Vinicius.

Atualmente, a ampla maioria das empresas existentes no Brasil (81,7% delas), segundo o Ministério da Economia, dedicam-se a comércio e serviços, que, por sua vez, são segmentos que abrangem um leque bastante variado de atividades, incluindo as relacionadas a beleza e estética, preparo de alimentos e bebidas, artesanato, lazer, revenda de produtos etc.

As mais de 150 mil pessoas que a Besouro já atendeu com seus cursos sobre empreendedorismo, por meio de programas em parceria com organizações públicas ou privadas, atestam essa pluralidade de interesses e vocações.

Yonara Cunha, de 25 anos, é um exemplo disso. A empreendedora trabalha com turismo, um setor já importante para a economia e com alto potencial de crescimento. Ela montou e gerencia a sua Casa do Turista, aberta para hospedar os visitantes atraídos pelas belezas naturais da região de Aurora do Tocantins (TO). “Com a demanda crescente, vi a oportunidade de empreender batendo à porta e resolvi tentar. Comecei aos poucos, divulgando por redes sociais e com cartões de visita. Depois, os clientes passaram a nos indicar e eu incluí a casa em plataformas on-line de reservas, o que nos deu um maior alcance”, conta a empresária, que também oferece serviços como guia.

Yonara já havia começado a se preparar para levar os turistas às belezas naturais da região durante o ensino médio, quando fez um curso de Condutora Ambiental Local. A ele, já somou outras três capacitações na mesma área, outras sobre Meios de Hospedagem e sobre Empreendedorismo, e a formação em empreendedorismo do Impulso Empreendedor, projeto da Besouro.

Outro ramo de negócios que atrai talentos brasileiros é o do artesanato. Na Ilha do Marajó, estado do Pará, onde a Besouro desenvolve o projeto Caravana da Economia Criativa no Marajó, muitos empreendedores produzem e comercializam as famosas cerâmicas do maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo. Thyfani Macedo, 24 anos, é uma das participantes da iniciativa e estabeleceu a marca Jandira Arte Marajoara, que se dedica à confecção de acessórios a enfeites para o lar. 

Já a Maria Josefina dos Santos, 37 anos, há quatro anos está à frente da Delícias da Nêga, negócio que ela mantém na comunidade Quilombola Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento (MT), cidade 32 quilômetros distante da capital do estado, Cuiabá. A aluna do Circuito Empreende Mais CDL dedica-se ao preparo e comercialização de produtos derivados da banana da terra, alimento que ocupa lugar de destaque na pauta econômica do município. “A opção por essa matéria-prima foi uma forma de valorizar a nossa culinária”, narra ela, que aprendeu a fritar o fruto com a avó e nunca parou de aperfeiçoar-se para aproveitá-lo ao máximo.

 

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Aluna do  Circuito Empreende Mais CDL, Maria se dedica à produção de delícias derivadas de banana da terra. Crédito: Arquivo pessoal

Na cidade do Rio de Janeiro (RJ), por sua vez, a Ana Lúcia da Silva Passos, 47 anos, é dona da Okô Indumentárias Africanas, e estreou nos negócios meio que por acaso: um amigo precisava de roupas para uma trupe de ballet e perguntou se ela podia fazê-las. A resposta, obviamente, foi “sim” e, desde então, a empresária não deixou mais a costura.

Durante muitos anos, Ana conciliou a atividade com a de segurança patrimonial, mas hoje é à Okô que ela dá prioridade. Ana tem como clientes mais frequentes, no momento, pessoas que integram religiões de matriz africana e, negra, ela entende que a confecção das suas peças é também uma forma de honrar e homenagear seus ancestrais. Mas a ideia de Ana, que participou do Empreendedora do Amanhã, é ampliar o seu nicho: para um futuro próximo, ela prevê o  lançamento de uma nova marca, mais “casual”, com peças para o dia a dia.

A data

O 5 de outubro foi escolhido para festejar o Dia do Empreendedor em alusão à criação do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, pela Lei nº 9.841, em 1999. Ela foi um marco importante no sentido de garantir tratamento específico aos empreendimentos de menor porte, o que incluiu a promoção de adaptações em tributação, legislação trabalhista, previdenciária e subsídios para o seu desenvolvimento. Em 2006, a lei original foi revogada pela Lei Complementar nº 123/2006, que criou o Simples Nacional, regime de arrecadação simplificado para essas empresas.

No Brasil, cresce significativamente, ano após ano, o número de Microempreendedores Individuais (MEIs), condição importante que regulariza e dá acesso a benefícios sociais e previdenciários, bem como a outros recursos, como linhas de crédito. Isso, no entanto, não diminui em nada a importância daqueles que, por motivos variados, ainda não estão formalizados, uma vez que muitas vezes fazem a diferença no dia a dia dos seus clientes e comunidades.

“Apesar de todo dia ser um bom dia para celebrar os empreendedores, quero aproveitar a data de hoje para enfatizar o respeito e admiração que todos na Besouro têm por quem, com muito esforço, talento e vocação, constitui e toca seus estabelecimentos, formal ou informalmente, e assim contribuem para um mundo melhor. Muito obrigado e contem com a gente, sempre”, finaliza Vinicius.

 


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