Proximidade também via empreendedorismo

O Juventude Empreendedora, programa inaugurado em 2019, tem como públicos-alvo futuros ou atuais donos de negócios com idades entre 17 e 29 anos residentes nas nações integrantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), ou seja, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
A eles, a iniciativa entrega, por meio de cursos de curta duração, presenciais ou virtuais, conhecimentos sobre administração e gestão capazes de ajudá-los a viabilizar ou qualificar suas atividades.
Nas discussões da CPLP, o empreendedorismo jovem é percebido como um mecanismo com potencial para proporcionar crescimento socioeconômico sustentado nos diferentes contextos que caracterizam os territórios lusófonos.
“O Juventude Empreendedora é mais uma oportunidade que encontramos para estender a comunidades de outras nações, compartilhando as experiências positivas que acumulamos com a metodologia By Necessity em território brasileiro há anos”, salienta Vinicius Mendes Lima, presidente da Besouro.
Vinicius Mendes Lima é o criador da By Necessity, metodologia e tecnologia social cujas premissas incluem o reconhecimento e a valorização das competências, das características, das culturas e das condições de vida de cada pessoa para, a partir disso, orientá-las na elaboração de planos de ação que permitam tirar do papel negócios a custos baixos ou zero.
A By Necessity compreende 10 módulos (em que se abordam temas como finanças, marketing, recursos humanos e pesquisas de mercado) e um plano de ação, organizados em aulas presenciais ou virtuais, além de um período de incubação de 90 dias, em que os participantes têm acesso a mentorias e consultorias com profissionais especializados. O objetivo é solucionar dúvidas para garantir o desenvolvimento do negócio.
“A maior parte dos países integrantes da CPLP tem em comum, além de aspectos históricos que resultaram na adoção da língua portuguesa, problemas que incluem da má distribuição de renda à falta de empregos ou oportunidades para jovens, e a gente acredita que o Juventude Empreendedora ajuda a melhorar esses quadros”, avalia Vinicius.
O programa, em seu início, teve turmas presenciais formadas no Brasil, em Portugal e em três países africanos (Angola, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe). As nações foram escolhidas para receberem as capacitações pelos governos e com o apoio da presidência do Fórum da Juventude da CPLP, uma das organizadoras da iniciativa.

Para compreender como adaptar os conteúdos dos treinamentos e estreitar a relação com os alunos, foram realizadas pesquisas sobre população, economia e principais atividades executadas nos países, o que permitiu à Besouro inteirar-se um pouco sobre as realidades locais.
O advento da pandemia de Covid-19, em março de 2020, impediu a oferta de encontros presenciais, mas o Juventude Empreendedora continuou ativo: foi inaugurada uma nova fase do programa, intitulada 2.1, que focou exclusivamente em capacitações e atendimentos on-line, e concentrou-se no Brasil.
Assim, no período mais agudo da crise sanitária, a iniciativa auxiliou tanto a quem precisava encontrar uma nova fonte de renda, como àqueles empreendedores que já tinham negócios e buscavam soluções para manterem seus negócios abertos.
Futuro
Até hoje, passaram pelo programa mais de 38 mil pessoas. O número deverá continuar a crescer nos próximos períodos, potencializado por uma nova etapa, que terá um enfoque novo: a ideia é promover a transferência da tecnologia social By Necessity a organizações que atuam nos países de língua portuguesa por meio da capacitação de agentes multiplicadores.
“Nossa intenção é disseminar a metodologia para que governos e organizações ganhem autonomia para conduzirem as capacitações de acordo com suas necessidades e possibilidades, nos seus próprios ritmos. Nossa preocupação é levar ao máximo de pessoas conhecimentos que consideramos necessários e realmente capazes de auxiliarem cidadãos e cidadãs a aumentarem suas rendas e autoestimas, e, assim, contribuírem com as suas famílias, comunidades e nações na superação de desafios e no aproveitamento de potencialidades”, explica Vinicius.
Os multiplicadores que integrarão a nova etapa do Juventude Empreendedora nos países da CPLP serão indicados por entidades que já conduzem ações vinculadas à inclusão produtiva, criação de postos de trabalho e de renda, e/ou empreendedorismo. Essas organizações receberão o selo de Fellowship, enquanto aos futuros tutores serão entregues certificados que atestam as suas aptidões para aplicar a By Necessity.
Detalhes, como os sobre os critérios para a escolha das instituições participantes (serão duas selecionadas por país) ainda estão em elaboração e em devem ser divulgados em breve.

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